sábado, 12 de maio de 2012



O Fim do cangaço

O cangaço em sua forma de “banditismo” foi um dos últimos movimentos do nosso país de luta armada e de classe pobre que dominou por um longo período de tempo o nordeste brasileiro. Virgulino Ferreira conhecido como Lampião foi um dos maiores líderes da história dos movimentos armados independentes do Brasil.

Os cangaceiros atingiam tanto pessoas pobres como ricas, porém o espírito de liberdade e independência demonstradas pelos integrantes desses grupos ao infligirem às normas da sociedade, iludiam e fascinavam os demais habitantes das regiões do Sertão do Nordestino. Muitos destes cangaceiros utilizavam dessa imagem de instrumento de justiça social para justificar seus crimes.

A extinção desse fenômeno social foi conseqüência, sobretudo da mudança das condições sociais no país, das perspectivas de uma vida melhor que se abria para a massa nordestina com a migração para Sul, e das maiores facilidades de comunicação, entre outros fatores.

Os traficantes das grandes favelas brasileiras roubam e matam criando seus próprios protocolos e leis em seus locais de dominância característica semelhante à dos cangaceiros nordestinos. Foram os cangaceiros que introduziram o seqüestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Essas características são evidentes nas favelas quando relacionadas às milícias. Os cangaceiros corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam.

Além desses cangaceiros atuais ainda existem outro grupo de “cangaceiros” na nossa sociedade eles estão no cenário político. A diferença dos cangaceiros de 80 anos atrás para os de hoje está no fato apenas de os primeiros, explicitarem as atividades ilegais.

Assim como os cangaceiros abalavam a sociedade com o banditismo e a matança a sangue frio hoje os nossos representantes atingem e infligem à sociedade a matando e sangrando com a conivência a situação de decadência e pobreza que muitos têm que sofrer para manter os elevados padrões de vida desses disseminadores que estão a todo tempo decidindo mesmo que de forma mínima o futuro de nossas vidas ou a ambiência em que conviveremos. 

Pedro Paulo Libório

A morte do lampião


O governo baiano ofereceu 50 contos de réis pela captura de Lampião em 1930. Era dinheiro suficiente para comprar seis carros de luxo.

Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe. Os trinta homens e cinco mulheres estavam começando a se levantar, quando foi vítima de uma emboscada de uma tropa de 48 policiais de Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra. O combate durou somente 10 minutos. Os policiais tinham a vantagem de quatro metralhadoras Hotkiss. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas. Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar.

O cangaço terminou em 1940, com a morte de Corisco, o "Diabo Loiro", o último sobrevivente do grupo comandando por Lampião.

Maria bonita


A primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Assim foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita. Nascida em 8 de março de 1911 (não por acaso o Dia Internacional da Mulher!) numa pequena fazenda em Santa Brígida, Bahia e filha de pais humildes Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira, Maria Bonita casou-se muito jovem, aos 15 anos. Seu casamento desde o início foi muito conturbado. José Miguel da Silva, sapateiro e conhecido como Zé Neném vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.

A cada briga do casal, Maria Bonita refugiava-se na casa dos pais. E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela reencontrou Virgulino o Lampião, em 1929. Ele e seu grupo estavam passando pela fazenda da família. Virgulino era antigo conhecido da família Oliveira. Esse trajeto era feito com frequência por ele. Era uma espécie de parada obrigatória do cangaceiro.
Sem querer a mãe da moça serviu de cupido entre ela e Lampião. Como? Contando ao rapaz a admiração da filha por ele. Dias depois, Lampião estava passando pela fazenda e viu Maria. Foi amor à primeira vista. Com um tipo físico bem brasileiro: baixinha, rechonchuda, olhos e cabelos castanhos Maria Bonita era considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) amor.

Um ano depois de conhecer Maria, Lampião chamou a “mulher” para integrar o bando. Nesse momento, Maria Bonita entrou para a história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo do Cangaço. Depois dela, outras mulheres passaram a integrar os bandos.
O papel das mulheres foi muito importante. Até 1928 Lampião não aceitava mulheres no bando, mas quando conheceu Maria Bonita mudou sua opinião e permitiu outras mulheres ali.

Há quem diz que Lampião começou a perder terreno por causa das mulheres, pois na hora de fugir elas ficavam pra trás limpando o acampamento. Era uma visão machista sobre as mulheres...Na realidade elas não tinham uma função específica. Interessante é que elas não cozinhavam, eram tão poucas no grupo que foram excluídas deste trabalho.

Armamento


A principal luta foi contra a dominação dos poderosos coronéis e contra as autoridades do Ceará e da Bahia, que não tratavam as comunidades sertanejas com respeito que mereciam.
O grupo andava fortemente armado, espalhando o terror por onde passavam, desafiando a policia.  
Os cangaceiros mantinham seus rifles ensebados em ocos de pau, para evitar o "bicho próprio da madeira".
Bergmann MP 18-1, modelo 1918 - calibre 7,63 - Mauser. Submetralhadora utilizada no final do cangaço. Duas peças deste modelo foram utilizadas pela Volante no combate em Angico. Carregadores com capacidade para 50 tiros cada. Conhecida também como "costureira".
  
Revólver Colt modelo Police Positive - calibre .38 SPL , de diametro de 0.357 polegadas. Niquelado com cabo de madrepérola. Arma utilizada pelos cangaceiros e pelas Volantes. Chamada de "Colt Cavalinho".




Pistola Luger - modelo 1908 - calibre 9 mm - parabelum - cano de 4 polegadas. Uma arma destas foi encontrada com Lampião, após sua morte, em Angico.


Pistola Browning, modelo 1910 - calibre 7,65 mm - cano de 3,5 polegadas. Arma utilizada normalmente pelas mulheres do bando. Mais conhecida como pistola FN.


Fuzil Mauser, modelo 1908 calibre 7x57. Arma mais utilizada pelos cangaceiros após Março de 1926.


Mosquetão Mauser, modelo 1908 - calibre 7 x 57 cano curto


Winchester - modelo 1873 - calibre 44 cano octagonal. Arma usada no período inicial do cangaço (anterior a 1926). Conhecido como "Rifle Papo Amarelo"


Punhal e bainha semelhantes aos usados por cangaceiros; a lâmina mede aproximadamente 67cm e o cabo, 15cm.

Os bandos


O primeiro dos grandes bandos independentes foi o de Antônio Silvino (1875), pernambucano que, desde jovem, na última década do século XIX, se dedicara ao cangaço a serviço da família Aires. A partir de 1906, afastou-se das lutas políticas e dos conflitos entre famílias, passando a lutar pela dominação armada de áreas do sertão.
Espancando, assassinando, cobrando tributos e saqueando. Ferido em 1914, durante combate, foi preso e condenado a trinta anos de prisão em Recife, sendo indultado em 1937.

Virgulino Ferreira, o Lampião, o mais famoso de todos os cangaceiros, assumiu a chefia de seu bando em 1922. Por causa da organização e disciplina que impunha seus cabras, raramente era derrotado, além do fato de aparecer perante a população sertaneja como um instrumento de justiça social, procurando, dessa forma, justificar seus crimes, que atingiam pobres e ricos indistintamente. Morreu em combate em 1938. Outros cangaceiros famosos foram Jesuíno Brilhante (1844-1879), cearense, morto em luta com a polícia; Lucas da Feira, baiano, enforcado em 1849; José Gomes Cabeleira, pernambucano, e Zé do Vale, piauiense, igualmente enforcados nas últimas décadas do século XIX.

O começo de tudo ...


  O movimento surgiu quando Lampião se alistou se alistar em tropa policial a fim de vingar a morte de seu pai.
Existiam três tipos de cangaço na história do sertão: o defensivo: de ação esporádica na guarda de propriedades rurais em virtude de ameaças de índios, disputa de terras e rixas de famílias.
O  político, expressão do poder dos grandes fazendeiros; e o independente, com características de banditismo.  
No primeiro caso, após realizarem sua missão de caçar índios no sertão do Cariri e em outras regiões, a soldo dos fazendeiros, os cangaceiros se dissolviam e voltavam a trabalhar como vaqueiros ou lavradores. As rixas entre famílias e as vinganças pessoais mobilizavam constantemente os bandos armados. Parentes, agregados e moradores ligados ao chefe do clã por parentesco, compadrio ou reciprocidade de serviços compunham os exércitos particulares.
O cangaço político resultou, muitas vezes, das rivalidades entre as oligarquias locais, e se institucionalizou como instrumento dessas oligarquias, empenhadas na disputa para consolidar seu poder. Mas no final do século XIX surgiram bandos independentes que não se subordinavam a nenhum chefe local, tendo sua origem no problema do monopólio da terra. Esse tipo de cangaço já existira no passado, em função das secas, mas não conseguira perdurar, eliminado pelos potentados locais, assim que se restabeleciam as condições normais de vida.

Introdução ao cangaço

    Foi um fenômeno ocorrido no sertão brasileiro em meados do século XVIII ao inicio do século XX.
  Surgindo na região semi-arida do nordeste brasileiro,no império da caatinga( mata Branca). No sertão , o coronel é quem decide sobre os homens e as coisas. É chefe, juiz e delegado. Suas vontades são sentenças.
  No sertão do Nordeste brasileiro, as violentas disputas entre famílias poderosas e a falta de perspectivas de ascensão social numa região de grande miséria levaram ao surgimento de bandos armados, gerando o fenômeno do cangaço.
   Cangaço é a denominação dada ao tipo de luta armada ocorrida no sertão brasileiro, do fim do século XVIII à primeira metade do século XX. 
   Cangaceiro era o homem que se dedicava a essa atividade, trazendo sempre atravessada nos ombros sua espingarda, como um boi debaixo da canga. Já no começo do século XIX, o cangaceiro trazia a tiracolo ou dependurada no cinturão toda sorte de armas suplementares, como longos punhais que batiam na coxa e cartucheiras de pele ou de couro, praticamente a mesma indumentária de Lampião anos.